O Arquicast convidou para uma conversa uma equipe que é a expressão de uma nova visão sobre a arquitetura e seu poder articulador para idealizar e executar projetos transformadores. São pessoas que fazem parte de uma geração de profissionais que, sem dúvida, irá mudar o eixo de interesse pelo nosso ofício e serão exemplos para muitos jovens brasileiros que sonham em cursar uma faculdade de arquitetura e urbanismo ou mesmo outras disciplinas que podem contribuir para uma nova prática nos seus lugares de origem e afeto.
Estamos falando de Ester Carro, da ONG Fazendinhando, criada no Jardim Colombo em Paraisópolis, São Paulo. Participam também o diretor financeiro da ONG, Erik Luan e Kamilla Bianca responsável pelo marketing do projeto.
O trabalho deles ganhou muita visibilidade quando o apresentador Luciano Huck conectou a história da ONG com a da Vó Tutu, e mostrou a todo o Brasil o que é possível fazer quando direcionamos vocação profissional para ações cidadãs. Associando enorme força de vontade à uma postura proativa e crítica quanto ao papel social da arquitetura, a ONG mostra que é possível reduzirmos a distância entre sonho e realidade, quando se trata de efetivamente melhorar a vida das pessoas.
A história de construção da Fazendinhando é, por si só, uma vitória. O fato de a Arquitetura, enquanto um campo cultural, ser associada a uma classe privilegiada, foi quase um desestímulo para a Ester escolher cursar a faculdade. Mas ela teve alguns incentivos e exemplos de profissionais que a ajudaram a romper com os paradigmas que sempre estruturaram socialmente a disciplina.
Erik, o diretor financeiro da ONG, ressalta a importância de sua experiência em morar na periferia para que pudesse desenvolver a percepção de que projetos sociais voltados para o desenvolvimento humano e urbano das comunidades mais vulneráveis podem, sim, fazer toda a diferença. Assim como Erik, Kamilla também cresceu na periferia e tem vínculos afetivos com a Vila Colombo, bairro onde a ONG atua. Trabalhar com cultura sempre chamou a sua atenção e foi como entrou para o grupo, ajudando a implementar o Projeto Parque Fazendinha, iniciado em 2017.
O projeto do Parque Fazendinha surge com o envolvimento da população da Vila, mas não aconteceu de forma instantânea. Foi uma confiança que veio crescendo ao longo do tempo e precisou de uma série de iniciativas, como os mutirões e os festivais de cultura, até que se tornasse uma colaboração consolidada. A diversidade de pensamento e a participação comunitária são princípios fundamentais de projetos sociais bem-sucedidos, mas de difícil implementação efetiva. É preciso querer ouvir e é preciso querer muito!
Ouça o podcast e saiba mais sobre esta experiência transformadora que, certamente, modifica em cada novo desafio os diferentes atores e agentes que dela fazem parte. Um exemplo e uma lição para todas(os) nós, em qualquer idade e momento de nossas vidas.
Texto por Aline Assis.